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Por que a anorexia aparece com mais frequência na adolescência? Seria essa forma de adoecer um sintoma da sociedade contemporânea?
Por Mônica Donetto Guedes
Há um ideal de estética que muitas vezes é produzido através de corpos “perfeitos” (não muito fáceis de serem alcançados) que provoca, sobretudo nos jovens, um esforço para tê-lo a qualquer preço.
Apesar da grande preocupação que se tem diante dos adoecimentos psíquicos em função das novas formas de subjetivação não podemos excluir no caso da anorexia e bulimia outros fatores que podem interferir de forma significativa no modo de se fazer existir.
Na puberdade, por exemplo, as mudanças atribuídas ao corpo, conferem aos meninos e meninas a necessidade de ter que lidar com as “estranhezas” pela transformação deste corpo até então infantil.
Ele passa a ser compreendido como algo que lhe sugere um lugar nas relações. Começam os encontros nomeados, de “ficar”, “ficar sério”, “namorar”… Como ainda estão construindo os seus valores, ideias, conceitos e ideais a respeito da vida, o corpo é usado como um instrumento de poder!
Esse poder sobre o corpo pode ser um recurso diante das dificuldades com relação às novas formas de se apresentar no mundo. O corpo pode ser o conflito ou um instrumento para a resolução do conflito!
Se o corpo não está sendo construindo de acordo com os critérios pré-estabelecidos e por isso não lhe proporciona satisfação, a tentativa de mudá-lo pode ser transformada em uma obsessão. Neste processo o indivíduo corre muitas vezes o risco de autodestruir-se como, por exemplo, utilizando drogas que minimizem a sua dor ou através dos quadros patológicos de bulimia e anorexia.
Uma das hipóteses levantadas a partir do estudo da psicanálise é que este processo que aparece com mais evidencia na adolescência nasce no encontro do bebê com o adulto que dela cuida, isto é, de quem se ocupa com a maternagem.
É neste encontro entre mãe e bebê que o corpo da criança é erogenizado. A ideia de um corpo é compreendida através dos cuidados empregados no contato entre eles. E é assim que deve ser! Mas se a criança sente esse encontro como excessivo e por isso se sente invadida pelo adulto, o que lhe resta é ocupar o lugar de passivo na relação.
A mãe ao cuidar, acariciar e amamentar a criança vai comunicando-se verbal e não verbalmente com o bebê… E as marcas vão ficando! Neste movimento é que a criança vai se constituindo psiquicamente. Quando essa experiência é vivida como excessiva a ponto desta passividade ser sentida como violenta é possível inferir que a criança esta diante de um mundo adulto sedutor cheio de desejo que ela não tem ainda a capacidade de compreender e por isso rejeita. Ainda que o fantasma dessa rejeição recaia sobre ela mesma.
Pode-se dizer que o anoréxico vai rejeitar essa invasão impedindo a entrada dos alimentos e o bulímico pelo processo de preenchimento e esvaziamento. Essa experiência é vivida como se algo não tivesse sentido! Ao mesmo tempo é como se o o anoréxico e o bulímico estivessem o tempo todo em busca desse sentido mesmo que seja sucumbindo.
O que se percebe nestes casos é que há uma grande relação de dependência. É como se o indivíduo estivesse sempre à espera que o outro possa preencher o seu corpo ainda que com conteúdos que lhes sejam estranhos. Pois na verdade o que podemos afirmar quando diante do jovem que utiliza um desses recursos para falar da sua dor é que o estranho ele já incorporou!
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