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Quando os pais chamam pelo Bicho papão, pela Cuca ou polícia, estão sem perceber destituindo-se da autoridade sobre o filho. Na medida em que a mãe ou pai diz que outra pessoa virá repreendê-lo, está transferindo sua responsabilidade para outra figura, que neste caso, ainda é simbólica.
Por Márcia Mattos
Estava, um dia desses, sentada na recepção de um consultório médico aguardando atendimento e, entre outras pessoas, também havia uma mãe com seu filhinho de mais ou menos três anos. O menino buscava distrair-se com o que podia, inclusive com os objetos do consultório.
Até aí, nada demais. Criança é assim mesmo! Mas a mãe, que já não aguentava mais tanta peraltice, muito menos os olhares da recepcionista, começa a chamar atenção do filho dizendo: Fulano, se você não parar vou chamar polícia para te prender! Ah, vai continuar? Então o bicho papão vai te pegar, pois ele não gosta de criança que faz bagunça! E seguiu por aí com alguns outros personagens ….
Num dado momento, a mãe diz ao menino que todos estavam olhando pra ele, e sabiam que a polícia já estava chegando para prendê-lo, pois ele estava mexendo no que não era dele e terminou com um: “não é?” Como que a pedir a confirmação de todos. O menino começou a chorar.
Bem, fomos chamados para a consulta quase que ao mesmo tempo. O menino para o pediatra e eu para outro especialista, é claro! Mas na saída nos encontramos novamente e a mãe puxou assunto falando da vergonha e constrangimento que sentiu diante da bagunça do pequeno. Conversamos bastante, trocamos ideias e por fim, pedi a ela autorização para escrever este artigo, até por que legitimo e entendo seus sentimentos.
O que está por trás deste tipo de argumento dos pais, diante das peraltices do filho e quais as possíveis consequências para a criança e para os pais? Hoje, irei me ater à autoridade dos pais. Deixemos para falar sobre possíveis desdobramentos para a criança no próximo artigo.
Quando os pais chamam pelo Bicho papão, pela Cuca ou polícia, estão sem perceber destituindo-se da autoridade sobre o filho. Na medida em que a mãe ou pai diz que outra pessoa virá repreendê-lo, está transferindo sua responsabilidade para outra figura, que neste caso, ainda é simbólica.
A responsabilidade pela educação dos filhos é dos pais, que devem assumir isso – Dar limites e estabelecer regras quando necessário e sem rodeios ou artifícios como estes. Se não, os pais ficam no lugar dos delatores, do “dedo-duro”, aqueles que entregam a criança para quem irá puni-la pela atitude praticada. Estranho isso, não acham?
Estranho não só por que o bicho papão não vem e a polícia não chegará, mas, sobretudo, por que os pais perdem a oportunidade de ensinar ao filho que ele não pode fazer isso ou aquilo não porque será preso, mas porque não é certo. Isso é formação de valores morais, de regras, de limite. E o melhor: você não precisa ser nenhum bicho papão pra isso!
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